Nos anos de maior repressão, buscando uma forma de se manterem vivos em época de morte, os fundadores do Tá na Rua se reúnem para estudar o “Morrer pela Pátria” e descobrem que querem “viver pela vida”. “Morrer pela pátria”, de Carlos Cavaco, é uma peça de cunho fascista escrita no Brasil em 1936 (depois do levante comunista de 1935, antes do Estado Novo de 1937), um momento de grande relevância na história do país. Mostra uma família dividida. Dois irmãos — um oficial da reserva, e o outro, comunista — mergulham num conflito de ideias. Nesse momento explode a Intentona Comunista. O oficial vai para a luta, onde é atingido por um tiro e é levado para a sua casa, onde morre. O filho mais novo, comunista, diante da morte do irmão se arrepende e sai para a rua para matar os comunistas.
Do estudo desse texto é que tudo nasceu. Ao longo do processo o grupo foi desenvolvendo uma linguagem que permitisse falar daquela proposta autoritária sem se parecer com ela. E à medida que iam aprofundando o entendimento e desanuviando a linguagem autoritária foi surgindo uma linguagem popular, viva, alegre, transformadora, promotora de saúde. Um teatro aberto e livre nascido das contradições do autoritarismo.