A Casa

O ano era 1994. Após longa busca por um espaço para abrigar seu trabalho, o Grupo Tá Na Rua, passou a ocupar o sobrado na Av. Mem de Sá, 35, na Lapa, estabelecendo ali o Centro Cultural Casa do Tá Na Rua – a Casa, como é por todos chamada.

A Casa do Tá Na Rua integra o Corredor Cultural da Lapa, um projeto de revitalização e segurança pública através da cultura, implementado pelo então governador Leonel Brizola e seu secretário de segurança, Nilo Batista. Tal projeto visava a recuperação de áreas degradadas da cidade por meio de sua transformação em polos de produção cultural, apostando na força da arte como instrumento de pacificação e transformação social.

Durante dois anos, a janela do sobrado do Tá Na Rua foi a única fonte de luz na densa escuridão da Lapa… Na noite da solenidade de entrega das casas, atrevi-me a fazer uma profecia gritando para a noite à minha frente, escura, cheia de histórias e fantasmas. Eu disse, então, que aquela pequena luz era o símbolo de uma nova luz que viria sobre a cidade e sobre a região, e também sobre a nossa identidade e vida cultural… Nilo Batista sabia que a vida cultural esvazia a violência e pode desarmar os violentos. (Amir Haddad)

Esse marco simbolizou não só a conquista de um espaço físico, como também a consolidação e o fortalecimento de uma linguagem que busca resgatar a ancestralidade do teatro, que é por sua origem uma Arte Pública, integrada à trama viva da cidade e ao cotidiano das pessoas.

Estabelecer sua sede permitiu que o Tá Na Rua desenvolvesse de forma mais estruturada suas atividades: ensaios, oficinas, celebrações, encontros, e apresentações de sua produção artística, que passaram a se abrigar nos dois amplos salões que constituem a Casa. Além disso, sua localização no coração da Lapa, bairro boêmio tradicional do Centro do Rio de Janeiro, permite que o grupo tenha acesso à ampla praça ali existente, que se torna assim um espaço privilegiado para realização de aulas, ensaios e apresentações.

Hoje, a Casa permite ainda a materialização de um sonho antigo do grupo: o estabelecimento da Escola Carioca do Espetáculo Brasileiro, promovendo não só a formação de artistas, como a realização de eventos culturais que refletem a diversidade e amplitude da cultura popular.

Não há como fazer algo duradouro em teatro, com um grupo, sem contar com um teto. Um lugar onde você invista, repita, experimente, crie uma consciência coletiva de investigação e perceba as consequências do seu trabalho. (Amir Haddad)

Além disso, completando seu papel como polo gerador de reflexões no âmbito da cultura carioca, a Casa se tornou um importante ponto de discussão social e político, sendo sede do Fórum Carioca de Arte Pública, desde 2012.

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